quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Crônicas de um Suicida - Parte 2

 Passei perto do Abismo, ele me chamava, convidava e insistia com sua calma atraente.
Observei o abismo, e ele me retribuiu olhando-me bem no fundo. Perguntou se eu não queria me juntar a ele e, inconscientemente, eu pulei. Logo fui engolido pelas trevas. Depois de um tempo ela partiu me deixando a sós com o Nada.
Então o Nada me perguntou:
-Estranho como nada mais faz sentido, não concorda?
-Do que está falando - Eu perguntei
-Do mundo - O Nada respondeu, fez uma pausa e continuou - Os princípios se perderam, não existe nada além de ódio e vingança. A vida não vale a pena... É por isso que você está aqui, não é mesmo?
Incrédulo, eu respondi - Não! Estou aqui por que perdi tudo, e não aguentando a saudade, resolvi adiantar meu julgamento e me juntar aos meus antepassados.
- Mentira! - Falou o Nada com calma - Você não aguentou viver em um mundo onde nada funciona corretamente e tudo não passa de mentiras e falsidade...
-Cale-se! Deixe-me em paz
-Paz? - Riu o Nada - Isso não existe, foi tudo inventado, o mundo não tem salvação, está fadado ao caos e a desordem... - O Nada tinha começado a ir embora quando falou - Sorte a sua não ter mais que viver lá - E com isso ele me deixou sozinho.
Quando cheguei ao final do abismo, a Morte veio me receber, brindou comigo ela começou a falar:
- Você sabe que o Nada tem razão, não é?
- Isso não pode ser ele está mentindo e você o está ajudando - Disse rispidamente
- Não, ele está certo... - E, com isso, começou desaparecer. Frustrado eu gritei:
- Não, deve existir outro meio, tem que a ver uma esperança...
- Pode ate existir - Disse uma voz sussurrante que ecoava em meus ouvidos - Mas, infelizmente, não para você!

"O Metronome"

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